Só os tolos…

Gabi
3 min readApr 6, 2021

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Pois é, faço parte do clube.

Estamos em 2021 e ainda não aprendemos nada. Votamos errado para presidente e para escolher quem fica e quem sai do BBB. Jantamos pizza mesmo tendo muito açúcar no sangue e sabendo que diabetes é problema pra coronavírus. Continuamos naquele emprego meia boca até que nos tirem de lá, por medo de não conseguir pagar os boletos.

Foto de Ann H no Pexels

Mas a pandemia, a crise, os erros que vêm de cima, a incompetência.

Eu poderia ter fingido que concordava, mas não consigo. Ver tanto potencial ser desperdiçado, sorrir e acenar. Mandar um coraçãozinho de bom dia e falar que está tudo bem enquanto vejo uma pessoa confundir lagartas com lagartos, sugerindo tratamento com fungicida.

Sim, eu estava presa em uma rotina de processos burros. Sim, eu estou com medo de ficar sem um dinheiro certo para minhas contas. Sim, eu estou aliviada não precisar mais falar a mesma coisa para as mesmas pessoas todos os dias.

É aquela coisa, eu sempre soube que a situação seria essa, desde o primeiro dia de trabalho. Foi mais de uma semana até conseguirem me passar algum trabalho. Menti pra mim que era uma situação isolada, mas não: era um sintoma.

Eu também podia esperar que um dia seria demitida por falta de verba, afinal processos ruins geram resultados financeiros ruins. Talvez se eu fosse mais na minha, conseguisse manter o meu emprego, mas a que custo?

Quanta tolice

Ordens sem sentido. Projetos sem objetivo. Desperdício de tempo e dinheiro. De todos os lados.

Escuto/leio tanta gente falar que a área não tem jeito, que a máquina da comunicação é assim mesmo. Algumas agências são um pouco melhores, outras, muito piores. Todas causam burnout e outros problemas psicológicos. Meios de comunicação, áreas de marketing e startups não ficariam atrás. Tudo ruim.

Mas será que precisa mesmo ser? Comunicação é feita por pessoas, é a interação entre pessoas. E se nós somos a comunicação, nós temos o poder de mudar a realidade desse mercado.

Mercado é outra palavra completamente subjetiva. Virou uma entidade abstrata, sobre-humana, com poderes místicos. Só que o mercado é feito por que atua nele. Quem trabalha, compra, vende ou especula. Lamentar o mercado sem assumir a nossa própria parte no movimento dele é tolice.

É uma reação em cadeia. Quando compramos de empresas que assediam e pagam mal, contribuímos para o mercado ser ruim. Quando aceitamos calados que nosso colega seja maltratado, contribuímos para que o mercado seja ruim. Quando fazemos questão de trabalhar em uma agência conhecida por ser homofóbica ou racista, bem, já ficou claro.

Infelizmente ainda não temos consciência de classe e, por isso, somos peças facilmente substituíveis mesmo nos piores lugares. E como não sabemos votar, não temos apoio do governo enquanto buscamos um lugar mais adequado para trabalhar. Sabe a pejotização? Claro que sabe.

Já não é de hoje que eu acredito que a nossa falta de educação é um projeto escravização dos mais pobres. Sem saber pensar, sem estudo, o poder continua nas mesmas mãos de sempre. E nós, classe média pra baixo, obedecendo. Mas se a gente não aprende a pensar, não faz uma boa comunicação. Então como que essa entidade, o mercado, fica?

Não, não tenho a resposta. Só tenho essas perguntas tolas, de um momento difícil que, às vezes, precisamos enfrentar para crescer.

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Written by Gabi

A gente escreve o que não entende para entender o que não se escreve.

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