O fim de um ano, o fim de um ciclo ou o fim do mundo?
Dezembro é, supostamente, o mês de fazer um balanço geral do ano e tentar tirar uma lição do que passou para chegar melhor no ano que vai começar. Também é o mês do meu aniversário e quando eu surto muitas vezes, pela tensão de sair tanto da rotina.
Mas, em 2023, um ano completamente atípico e tortuoso. Um ano em que falei tchau ao sonhado emprego como cliente porque não me adaptei ao corporativismo incompetente e passei meses sem ganhar dinheiro o suficiente para me sentir eu mesma. Em que comecei a duvidar da minha capacidade profissional de organizar uma palavra após a outra e também me interessei por outra religião (ainda que do meu jeito desconfiado).
É apenas uma mudança de calendário, mas o ritual como um todo tem uma influência grande no resto da vida. Veja bem, as empresas e agências só vão responder em janeiro. Os médicos já estão de férias. Até a academia para. Não tem como seguir na mesma, nem como fazer alguma coisa agora, já. Tem que deixar o ano terminar, a cabeça esfriar, aproveitar se os amigos tiverem tempo livre para colocar as fofocas em dia, ler um livro, costurar, ver um filme, ir no parque, reclamar do calor.
Porque está quente como nunca. Apesar dos negacionistas, o calor está se superando a cada dia, a cada onda. Isso me faz pensar se vou ouvir as trombetas do apocalipse ou se ainda não vai ser na minha geração. Supostamente, o mundo não acaba, só uma parte dos seres vivos que morre. Muito provavelmente a parte que não tem dinheiro pro ar-condicionado.
Eu queria, de verdade, ter uma coisa edificante para escrever. Mas hoje é só isso aqui mesmo. Um dia após o outro. Umas bebidas no meio.