Uma água, um café, um chá? Ou talvez um chope, uma taça de vinho?
Quando escrevi esse começo de texto na semana passada, devia estar pensando em alguma coisa que agora me foge. Talvez porque não fosse assim tão importante ou talvez porque eu tive uma noite difícil. Dormi pouco e dormi mal. O sono foi agitado, tive uma sequência de mini pesadelos daqueles em que você está sempre correndo, às vezes fugindo e outras testando se aquilo é real ou sonho.
Uma vez me falaram que a gente não consegue ler enquanto sonha. Pois bem, nessa madrugada esse teste falhou. Eu li um papel sobre uma mesa e pensei, no sonho, que se eu estava lendo, então estava acordada. Mas não estava, porque peguei um avião para Califórnia e cheguei no interior do Rio Grande do Sul.
Ao acordar, fiquei tentando me lembrar se eu havia bebido vinho antes de dormir, e não. Pensei em beber vinho, mas fiquei com preguiça de abrir uma garrafa. Bebi água, já que a garrafa estava ao lado da cama. Depois e muito tempo rolando na cama, pensei que deveria ter feito um chá antes de dormir. Talvez Melissa, talvez Camomila, talvez Melissa com Camomila. Café eu tinha tomado às 14h e nenhuma intenção de chope.
Geralmente eu me acordo nos pesadelos, mas ontem eu fui pulando de história até me convencer de que estava dormindo e conseguir acordar. Aí fiquei tentando me convencer que desta vez eu realmente estava acordada. Foi um tempo olhando pras minhas mãos e tentando ter certeza. Cochilei meia horinha antes de levantar, acho que é só por isso que não estou me arrastando hoje. Também porque tomei café ao acordar.
Meus piores pesadelos são na vida real.
Acontecem porque minha conta não tem tanto dinheiro assim e as pessoas podem ficar doentes. Ou porque existe muita coisa errada por aí, como empresa que não faz manutenção nos aviões, racismo, xenofobia. Ou porque eu sou apenas mais uma engrenagem no mundo capitalista e sei que serei trocada ao menor sinal de falha, mesmo que esse sinal seja falso. Sem direito à aposentadoria ou qualquer outra coisa. Sem expectativa de nada.
É nessa hora que lembro de todas as conversas sobre odiar o trabalho (não odeio), desprezar a CLT (não desprezo, apesar de saber que ela não garante nada), estar fadado a um futuro horrível (tenho esperança de que não seja horrível).
Acho, na verdade tenho certeza, que preciso voltar a fazer exercício físico. Também preciso arrumar a alimentação. De verdade. Talvez tudo junto ajude a lidar melhor com a vida e também a dormir melhor. Afinal o que está fora do meu controle eu não posso mudar.
Essas conversas na minha cabeça me lembram que eu sou muito mais otimista que pessimista, porque ser pessimista é já sair com o objetivo de falhar. É já sofrer, sem chances para que as coisas deem certo. Ou não, não sei.