Quem vai salvar o quê?

Gabi
3 min readJun 27, 2020

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Não era para a gente precisar ter essa conversa, mas parece que precisa

2020 que chama. Um ano que sempre teve aura de futuro para mim, o futuro de quando falavam que o Brasil era o país do futuro. Só que em nenhum lugar estava muito claro que futuro era esse.

Imagem: pexels

Que seja. O futuro chegou e não só para o Brasil, mas para o mundo todo, carregado por um vírus. Talvez eu e você não estivéssemos esperando por isso, mas a verdade é que os cientistas já tinham falado da possibilidade de pandemias globais, vírus que, devido a ocupação de áreas selvagens por humanos, podiam passar de animais para a população.

Mas quem liga para ciência hoje em dia, não é mesmo?

Pois é, o pensamento científico tem sido desacreditado sistematicamente e essa é uma das razões para termos tanta dificuldade em lidar com as dificuldades atuais — principalmente no Brasil.

Falo do caso brasileiro porque no caso da pandemia tivemos tempo para nos preparar, pudemos acompanhar diferentes abordagens e seus resultados, e mesmo assim, enquanto sociedade, escolhemos as piores opções.

Precisamos salvar a economia

Com esse discurso, muitas pessoas tentam ignorar a existência da pandemia. Algumas são motivadas pelo fato de não terem sido infectadas ou ainda não conhecerem alguém que tenha morrido em decorrência dela. Outras, pelo medo de não ter dinheiro para comer e manter sua casa. Esses casos são compreensíveis.

Imagem: Pexels

Mas o que falar de governantes? E de grandes empresas que têm caixa? E de pessoas que têm dinheiro de verdade? Esses deveriam ter um pouco de raciocínio lógico funcionante.

Porque sim, pensar na economia é muito importante. As pessoas precisam ganhar dinheiro e sustentar suas famílias. Mas a falta de uma perspectiva mais abrangente faz com que essas pessoas não percebam (ou não queiram perceber) que para salvar a economia é preciso salvar as pessoas.

Afinal, a economia não é feita só de números, é movida por pessoas que precisam estar saudáveis e seguras para trabalhar e gastar dinheiro. Quanto mais tempo se demora para cuidar das pessoas em nome da economia, mais a economia sofre.

Até quando?

Enquanto o Brasil continua na vice-liderança em casos confirmados e total de mortos por covid-19 (26/06), a doença ainda não tem previsão de cura. Os médicos não sabem responder se quem já se infectou uma vez está imune a novas infecções ou não, as notícias sobre valas comuns assustam.

Quem insiste em reabrir a economia precipitadamente vê os casos aumentarem rapidamente, lotando os hospitais. Será que esse abre e fecha é bom para a economia? As empresas fazerem novos estoques e, de repente, terem que lidar com encalhes novamente é uma boa ideia? É melhor que cuidar de verdade da saúde das pessoas e fazer uma reabertura sustentável?

Basta olhar os países em que a pandemia começou antes e o que cada um deles fez: quem cuidou direitinho das pessoas pode voltar a movimentar a economia antes (mas ainda não estão liberando geral, pois o vírus é complexo).

Quem ganha e quem perde

É verdade que não sou especialista em economia, mas a cabeça também foi feita para ter dúvidas. Se mesmo durante a crise os bancos continuam tendo lucros exorbitantes, a conta poderia não ser melhor dividida? Afinal lucrar menos ainda é lucrar, principalmente quando esse lucro é de R$ 13.7 bilhões para os 4 maiores bancos ao mesmo tempo em que tanta gente está sem emprego e renda.

Imagem: Pexels

Nem todas empresas estão perdendo e isso é um sinal de que a dinâmica da economia pode estar mudando e um novo equilíbrio pode existir. Para mim, é mais uma questão de buscar sustentabilidade para a economia como um todo, cuidando das pessoas, dos empregos e, olhe só, das empresas.

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A gente escreve o que não entende para entender o que não se escreve.

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