Parece que vou precisar mudar de pele
Se tem uma coisa que não podem falar de mim é que eu tenho medo de mudar de visual. Corto, pinto, aliso o cabelo sem medo. Deixo ao natural, grisalho e cacheado. Passo rosa no cabelo cinza, só nas pontas.
Achei que estava em uma fase de ser eu mesma, sem medo. Sem me preocupar com o que os outros vão pensar. Só me esqueci que dependo que esses outros queiram pagar pelo meu trabalho.
Pois é. Chama-se etarismo. Um tipo de preconceito contra pessoas mais velhas. Com os homens começa a pesar após os 50 anos. Com as mulheres, bem antes. E desconfio que estou passando por isso.
Veja bem, todo mundo fala como meu cabelo é lindo. No mercado, no médico, no elevador. Mas ontem, um post no Instagram chamou minha atenção.
Tenho 10 anos a menos, mas o cabelo faz uma diferença. Me reconheci na mulher da foto. O certo, certo mesmo, seria o mundo deixar de ser cruel. Mas lá vou eu dizer adeus a tranquilidade de não precisar pintar os cabelos ou retocar as raízes.
Talvez se eu fosse muito magra, andasse sempre maquiada e com roupas caras eu pudesse manter os cabelos grisalhos e ser considerada estilosa. Mas não é fato. Sou gorda, não tenho dinheiro para salão toda semana ou para me vestir sempre superestilosa.
Então é isso. Vou capitular. O bom é que voltarei a usar mais cores que estavam difíceis ultimamente nas roupas. Sei lá, vamos procurar lados bons. Mudar é bom.
Vou falando se dá alguma diferença real na minha vida.