Pequenos sonhos de consumo — 3

Hoje é aquele, sabe?

Gabi
3 min readMar 18, 2024

Eu sempre gostei muito de água. De mar, cachoeira, caixa d’água, chuva, piscina, neblina, névoa, garoa, banho. Sempre senti que um banho melhora a situação e minha mãe diz que isso é meio de família, porque minha vó falava a mesma coisa.

Tá cansada? Toma um banho pra relaxar. Tá com preguiça? Toma um banho pra acordar. Tá indisposta? Toma um banho, que melhora. Calor? Um banho quase frio pra refrescar. Frio? Um banho bem quentinho.

Não importa o problema, físico ou emocional, ele sempre começa a melhorar com um banho. Pode ser de chuveiro ou banheira, qualquer um dos dois, mas na maior parte da minha vida eu só pude contar com o banho de chuveiro porque a verdade é que banheira pra adulto no Brasil é um luxo.

E mesmo se falando de chuveiros, nem sempre tive sorte. Já morei em lugares com baixa pressão de água ou em que o encanamento era velho e entupia os buraquinhos dos chuveiro, fazendo com que saísse um quase nada de água. Uma tristeza. Hoje, vamos falar que o chuveiro não é o melhor, mas também não é o pior do que já tive. Está de médio para bom.

Luxo

Em um país que uma parte da população nem tem água encanada ou sistema de esgoto, sim, banheira é um luxo. Ocupa espaço em apartamentos cada vez menores. Demanda tempo para usar e tem muito chefe que acha que o melhor gasto do tempo é no trânsito. É cara.

Em uma fase distante da minha adolescência em que meus pais tinham dinheiro, morei numa casa com banheira boa. Tinha hidromassagem (que pra mim não é essencial). A garota que queria ser mimada, enchia a banheira, pegava um livro, colocava uma música e ficava lá. Era bom.

Depois, durante seis anos eu morei no Rio de Janeiro, em apartamentos antigos com banheira. Uma era uma tentativa de banheira — praticamente fecharam o box e você enxia o quadrado de água. Usei. Não era lá muito confortável, mas a gente se diverte como dá.

No segundo, a banheira era esmaltada e tão antiga que dava medo. Tinha uns ponto de ferrugem. Sem contar que parecia ser um modelo para crianças até 12 anos, minúscula. Talvez se não inspirasse mais segurança, teria usado mais.

Banheiras

Querer mesmo, eu queria uma banheira dessas que são mais altas, em um banheiro amplo, com plantas e decoração bonita. Mas sinceramente, uma banheira que me caiba em um banheiro de tamanho ok já é suficiente.

Chegar muito cansada e poder relaxar as pernas. Inventar misturas perfumadas para relaxar. Ter para onde fugir se estiver muito quente ou muito frio. Deixar a água me acalmar.

Enfim, o sonho de consumo de hoje é antigo e acho que vai continuar válido enquanto eu não tiver a minha banheira própria.

Tem opção?

Esses dias vi um vídeo em que uma menina mostrava uma banheira dobrável. No que pese ela não ser exatamente tão mais barata que uma banheira convencional, não vai exigir obras para instalação.

Se eu morasse em uma casa térrea, talvez considerasse ter uma dessas, principalmente pro verão. Mas em apartamente acho que o peso da água pode causar um problema estrutural. Teria que ver com um engenheiro e o trabalho já fica grande pra eu nem saber se vou gostar da bacia e se ela é durável.

Vi alguns modelos infláveis também, mas acho tão inseguro para ter dentro de um apartamento quanto. Dora Figueiredo manda lembranças.

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A gente escreve o que não entende para entender o que não se escreve.

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