Pequenos sonhos de consumo — 1

E talvez alguns grandes, porque a noção passa longe.

Gabi
4 min readFeb 23, 2024

Faz quase um ano que pedi demissão de um emprego CLT, que pagava um salário ok e só custava a minha saúde mental. Demorei quase todo esse tempo para entender que estava passando por assédio moral da minha superiora e que o RH da empresa não fez nada para resolver. Bem, eu não esperava nada mesmo do RH, afinal ele trabalha para a empresa.

Mas não esperava demorar tanto para entender que aquela era uma situação de assédio e que eu poderia ter saído com mais direitos. É muito mais fácil ver de fora.

Também demorou quase um ano para eu sentir falta de ter salário. Eu tinha dinheiro guardado, peguei uns freelas, cortei meus gastos, meu marido assumiu as contas da casa e a gente não tem filhos nem dívidas. Privilégio, eu sei.

Acontece que agora eu me pego fazendo planos para quando eu tiver dinheiro.

A coisa do querer

Eu não sou uma pessoa que deseja loucamente um objeto. Do tipo que sonha em ter uma bolsa de uma marca x, ou um champanhe caríssimo ou sei lá. Um perfume específico. Se quero uma coisa e tenho vontade de ter, penso se preciso mesmo. Vejo o preço. Se acho absurdo, guardo como referência — afinal, pode ser uma ideia para procurar em marcas mais acessíveis ou em outro momento. Se puder comprar na hora e não for dar trabalho, talvez eu compre. Às vezes prefiro pesquisar, ver se acho outra coisa que me interesse mais.

Eu gosto de maquiagem, mas saio pouco de casa, trabalho remoto e não preciso de 5 tons de batom vermelho — principalmente se forem muito caros. Veja bem, o batom vermelho que mais gosto é o Bruna da Bruna Tavares. Tenho Mac, Pat McGrath, Chanel (já venceu, mas não vou jogar fora). O que eu gosto e usei até acabar é o Bruna.

No Xuítter

Essa semana um tuíte falando que a maquiagem nacional é ruim ficou em destaque:

Bem, achei a postagem desnecessária, mas a pessoa escreveu da experiência dela, né? Pelo que vi, ela nem usa muitos produtos, nem é uma pessoa tão da maquiagem, pode não ter se adaptado a nenhuma marca brasileira. Principalmente porque produto para pele é o mais difícil de acertar e nos outros tuítes dela é o que ela fez mais referência.

Falo dela não ter se adaptado porque nos últimos anos senti que minha pele mudou bastante, a idade chega. Por muito tempo as bases com mais cobertura ficaram boas, e para não dizer que é uma questão de coisa barata que não presta, vou usar um exemplo importado. A Studio Fix que era maravilhosa pra mim passou a deixar um aspecto estranho, acumular e me deixar com uma pele que parece cansada. A da Lancome fica boa? Sim. Assim como a da Bruna Tavares, oferecendo acabamentos diferentes para ocasiões diferentes. A mesma coisa para alguns corretivos da Benefit que eu amava e agora não consigo usar, mas estou adorando o da RK.

Acontece. Claro que ela foi bem infeliz no jeito que escreveu porque dá a entender que todo mundo que fala bem das marcas nacionais está mentindo. Sim, influencers ganham dinheiro para divulgar produtos, mas se o produto é ruim (vide base da Virgínia), a coisa não se sustenta.

Falar que é tudo ruim porque não achou um que fique bom para você é uma generalização pobre e preguiçosa. Procurou de verdade ou testou um e já desistiu? Não é da minha conta, mas é importante lembrar que no Brasil existem muitos tipos de pele e é muito difícil um produto ser bom para todos eles.

Voltando

O lado bom desse blábláblá é que vi um fio sobre marcas nacionais e confesso que nem conhecia todas. Também não sabia da loja em que você pode criar seu próprio batom, balm ou gloss. Aí foi uma coisa que despertou a curiosidade e a vontade de ter, mas naquelas, não tô podendo gastar nem precisando de mais um batom.

Então meu primeiro item da lista de desejos de consumo é fazer um batom com uma cor minha, que combine comigo, o tom de rosa queimado que eu nunca mais achei ou o vermelho azulado perfeito que o Rubi Woo não conseguiu ser.

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A gente escreve o que não entende para entender o que não se escreve.

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