Pane no sistema
Quando todas as estratégias conhecidas deixam de surtir efeito, como continuar? Simples, não continua. O corpo faz parar, a despeito da nossa teimosia. Pois é, as crises de pânico voltaram a ser frequentes. E pior, estão mais incapacitantes.
Tremer e chorar, sentir medo e ter dificuldade de pensar. Ter um cansaço mental que nunca passa e se sentir totalmente responsável por estar assim, a tal da culpa. Acho que a culpa na crise de pânico vem pela sensação de inutilidade, afinal não está acontecendo nada. Mas está acontecendo tudo.
A culpa ainda tem o viés de sentir que estou atrapalhando. A amiga que eu não via há meses e precisou segurar minha mão e falar que tá tudo bem durante o almoço, além de escolher o que eu iria comer, porque eu mesma estava com dificuldade. A outra amiga com quem fui passar a tarde e tentou me agradar, fazendo pães de queijo de lanche e eu nem consegui comer. E também por estragar a noite do meu marido, porque eu não consegui sair para jantar, e fiz e ele teve que vir comigo pra casa. Fico me sentindo culpada por fazer as pessoas se preocuparem comigo. Eu deveria estar me cuidando direito pra não atrapalhar as pessoas, mas não sei como fazer isso.
De qualquer forma, o sistema, o meu sistema pessoal, talvez seja o cognitivo, entrou em pane.
O medicamento de resgate, aquele que a gente toma durante uma crise não fez efeito. As respirações não fizeram efeito e está difícil me alimentar. Seria ótimo não estar sentindo fome se não fosse nessas condições. Porque eu não estou fazendo uma coisa pela minha saúde, estou tendo um ataque de pânico, com todas as coisas ruins que o acompanham. Com a dor de cabeça, a fraqueza e a tremedeira.