Não é uma questão política…

Gabi
5 min readMar 26, 2020

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Em 2018 o Brasil meio que se dividiu entre bolsonaristas e os outros. Nesses outros tinham os petistas, que sim, acredito que são pessoas um tanto descoladas da realidade, afinal não se pode negar os problemas do Partido dos Trabalhadores e um tanto outro de pessoas que só não queriam votar em um lunático.

No primeiro turno haviam mais de 12 opções para votar. Direita, esquerda, moderados e radicais. Só que o Brasil mandou dois extremos para o segundo turno, um petista e um palhaço que não fez nada em 28 anos de vida política e não tinha plano de governo.

Imagem: Google.com

Os erros que o PT cometeu nos seus anos de governo cobraram um preço bem alto. Tantas concessões e tanta decepção com a corrupção fez com que as pessoas ficassem com horror ao PT e deixassem de pensar. Nem as pessoas do PT que deveria ter ficado afastado do cenário político em 2018, mas o ego falou alto.

Votar não pode ser uma decisão emocional. Mas foi.

Famílias brigaram, amizades acabaram, muita gente se decepcionou. Bolsonaro se elegeu e muita gente falou que não seria problema, pois a equipe econômica ia cuidar de tudo e o mercado não ia deixar dar ruim. Mas 2019 veio para mostrar que as coisas não são assim.

Imagem: Google.com

Viramos motivo de piada internacional. Os direitos dos mais pobres foram diminuindo cada vez mais. Queimadas na Amazônia. Corrupção correndo solta. Em um país qualquer, com um pouco mais de dignidade, seria motivo para no mínimo um processo administrativo. Mas parece que o Brasil não é um país sério e não faz diferença o presidente não ter decoro.

A economia não decolou como era prometido. Os salários que mais subiram foram os dos políticos de alto escalão. Quem lucrou de verdade foram os grandes bancos. As leis aprovadas não beneficiaram trabalhadores.

Em 2020, o mundo acabou.

O mundo como conhecíamos não existe mais. Ainda não sabemos como vamos lidar com o vírus. A previsão é que milhares de pessoas morram, a maioria delas idosos e pessoas com imunidade baixa.

Era de se esperar que uma situação dessas fizesse acabar a palhaçada. É um problema muito sério, que vai atingir o mundo todo. A Disney está fechada. As Olimpíadas foram adiadas por pelo menos um ano. As maiores cidades do mundo todo estão em quarentena. Cientistas explicaram, desenharam, fizeram gráficos, vídeos, experiências para crianças, muitas coisas para explicar porque o isolamento social é importante. Mas nosso palhaço particular não cede.

Em um primeiro momento pensei que as pessoas cairiam em si diante da gravidade. Todos temos família, amigos, medo de ficar doente e não ter leito de hospital. Mas não é bem isso que está acontecendo.

Questão política

O presidente brasileiro está colocando a própria carreira política na frente da população brasileira. Isso é triste, mas não surpreende. Ele está sendo ele mesmo. Irresponsável, metido a machão, oportunista.

O que surpreende é que ele continua tendo apoio. Se fossem apenas os empresários, como o dono da Madero, o dono da Havan ou o Justus, faria sentido. Rico só quer manter seus lucros a qualquer custo.

Só que não.

Trabalhadores, pessoas como eu e você (que talvez seja uma dessas pessoas), pequenos empresários e assalariados comuns ainda estão defendendo os absurdos que esse calhorda fala. Mesmo que finjam não estar, pois agora está pegando mal falar que ainda apoia as ideias dele.

Essa crise está fazendo valer aquela frase: Não estou discutindo política, mas discutindo ética. No fundo, nosso problema aqui no Brasil não é só o governante, mas é que a maioria de nós concorda com as decisões que ele toma.

Política se discute

Pensar cansa, eu sei. E pensar em coisas que às vezes vão contra nossos interesses imediatos para buscar um bem comum e consequentemente nossos interesses a longo prazo é difícil. Aqui no Brasil não fomos educados para isso.

Mas Platão já disse alguma coisa como “Aqueles que não gostam de política são governados pelos que gostam”. Tentar se isentar e achar que está em uma situação neutra e confortável é ilusão. Você está deixando outra pessoa tomar conta da sua vida.

Voltando para quem faz questão de apoiar coisas como deixar morrer os velhos e pessoas que já tem doenças. Segundo Voltaire “Quem faz você acreditar em absurdos também pode fazer você cometer atrocidades”. A solução simplista de culpar o isolamento social pela crise econômica e a falta de dinheiro da maior parte da população não pode ser comprada por todos.

Um governo só faz sentido se cuida da população que o elegeu.

É para isso que as pessoas pagam impostos. Não se pode por a culpa pelos problemas na economia no isolamento que é necessário neste momento para salvar vidas. Claro que existe um impacto, mas nesse momento o governo precisa fazer a parte dele, cobrar de quem tem muito dinheiro, redistribuir renda, esse tipo de coisa.

O raciocínio de que é melhor deixar algumas pessoas morrerem é cruel. Qual pessoa da sua família você vai dar como tributo? Sua avó? Seu pai? Seu filho que nasceu com asma? É um jogo muito perigoso. Lembra de Voltaire? É isso.

Não adianta pensar que se apenas quem é grupo de risco ficar em casa está tudo certo. Você tem 100% certeza da sua saúde? Você tem 100% certeza de que não tem diabetes, algum problema nos rins ou câncer de pulmão? São condições que normalmente demoram para apresentar sintomas. Se você tiver hepatite C, por exemplo, pode estar com seu fígado e talvez seus rins se deteriorando há 20 ou 30 anos sem saber porque foi fazer as unhas no salão.

Pense outra vez

Não é histeria. Cientistas estudaram para isso. O Átila é especialista no assunto e tem feito vídeos esclarecendo sobre o assunto. É assustador? É. Mas a pandemia só é uma pandemia porque está grave no mundo todo. Faltam leitos em vários países, faltam médicos até na Itália que tem uma população muito menor e muito mais recursos que o Brasil. Não repita um discurso tolo.

Agora, se com tudo o que está acontecendo e com todos os exemplos que dei, sua opinião é que a ciência é exagerada, Olavo de Carvalho não é tão ruim, o Bolsonaro é só um pouco enfático… desculpa. Acho que você perdeu seu senso de humanidade.

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A gente escreve o que não entende para entender o que não se escreve.

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