Fim do mundo

Gabi
3 min readMar 12, 2020

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O mundo ia acabar em 1996, quando nós íamos descobrir que a Guerra Fria não tinha terminado e o apocalipse atômico enfim chegaria. Apenas as baratas sobreviveriam e alguns escolhidos que estariam protegidos em bunkers no subsolo. Eles dariam origem a uma sociedade extremamente avançada no que diz respeito à tecnologia, mas com sérios problemas de saúde devido à falta de contato com a luz solar. Em poucos anos, as máquinas iriam começar a tomar o poder e nós seríamos fantoches.

Imagem: Google.com

O mundo ia acabar no ano 2000, quando os sistemas de computador iam sofrer o bug do milênio. As represas iam inundar cidades, as usinas nucleares iam explodir, qualquer coisa minimamente automatizada ia estragar e entrar em combustão.

O mundo ia acabar, e de fato acabou para muitas pessoas em 2001, quando aviões atingiram as torres gêmeas, um espetáculo de horror e suspense transmitido ao vivo para o mundo todo. Entraremos na Terceira Guerra? Começaremos uma caçada mundial? A caçada foi movida a interesses econômicos e ficou restrita.

O mundo ia acabar com a aproximação de um meteoro que ia pulverizar a vida na Terra. Não ia sobrar nem chão para as baratas, nem atmosfera para as amebas. Mas o meteoro passou bem longe e nem conseguimos ver, pois o tempo estava nublado.

O mundo ia acabar em 2005, quando o papa morreu. Aí veio o papa que pediu pra sair e o mundo ia acabar de novo. Mas só a Igreja que parece estar meio capenga.

O mundo ia acabar em 2012, porque os maias fizeram o favor de parar o calendário deles nesse ano. Que para eles deveria ser outro número, mas chegaram a essa conta e o ano ia acabar em 2012 do calendário cristão. Sobrevivemos a 12/12/12 e quem gastou o que tinha e o que não tinha contando com o fim do mundo está pagando as dívidas até hoje.

Deixamos de acreditar

O mundo todo começou a fazer besteira. Movimento antivacina, orgulho em ser contra a ciência, negar o aquecimento global, Terra plana, fake news, ditaduras militares, homofobia, negacionismo histórico, misoginia explícita e por aí vai.

Estamos acabando com o mundo aos poucos, estamos nos deixando morrer por ignorância. Dia após dia escolhemos o fim do mundo como melhor opção.

O fim do mundo por um vírus

Covid-19 ou coronavirus. As pessoas estão apavoradas por conta de mais um vírus com potencial de…potencial de quê mesmo?

Ele se espalha bem rápido sim, mas é como uma gripe. Seus índices de mortalidade, inclusive são inferiores aos da gripe. A não ser que você seja de um grupo de risco.

Neste caso, evitar o pânico, evitar hospital sem necessidade, evitar contato com as pessoas, ser limpinho. Sabe a ciência que o mundo todo estava negando? Precisa resgatar. Sabe a história que todo mundo tava querendo esquecer? Precisa resgatar. Na ciência está a chance de cura, na história, as formas de lidar com a situação.

Sabe os governantes de merda que foram eleitos como piada? Eles estão fazendo piada com a nossa saúde agora. Apesar de tudo, aqui no Brasil ainda temos um sistema de saúde razoável. O exame que os infectados precisam fazer é gratuito por aqui. Nos EUA, que tantos liberalistas econômicos e direitistas tanto admiram, é pago até para quem tem plano de saúde. Tá ok?

As fake news atrapalham mais que os tratamentos das pessoas. No Japão um boato levou a uma corrida insana por papel higiênico. O preconceito também tem gritado alto. Em alguns prédios de São Paulo, os orientais estavam sendo obrigado a usar um elevador separado, mas a origem dos primeiros pacientes da cidade é a Itália…

Cuidado com a memória seletiva

A humanidade já viveu pandemias mais mortais. O ebola matava muito rápido, e com isso, também acabou contido rápido. Sintomas rápidos, todos sabiam aonde estava o paciente. Esse vírus com o qual lidamos hoje não parece que quer nos matar, ele quer um hospedeiro.

Se pensarmos em vírus que tiveram mais sucesso, como a peste e a gripe espanhola, precisamos fazer um exercício de atualização de realidade. A medicina hoje é muito mais avançada que na época dessas outras epidemias, se nos lembrarmos de manter nossa cultura tão avançada quanto, poderemos passar por tudo isso sem tantas perdas.

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Gabi
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A gente escreve o que não entende para entender o que não se escreve.

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